The end


       Eu quis fazer diferente, falar de tudo aquilo que eu julgava importante e comum. Mas, de uns tempos para cá, percebo que fiz o julgamento errado e que aquilo que eu considero legal não satisfaz aos que buscam uma boa leitura. 
         Quase sete anos de escrita, um deles, dando a cara a tapas. Um ano errando, tentando acertar, tentando oferecer algo de bom. Foi bom enquanto durou, mas declaro o fim do blogando com síngular. 

       Peço desculpas aos leitores fiéis e aos seguidores. Mas, declaro que em breve trarei uma nova proposta. 

        beijos, fiquem com Deus :) 

Índios



" Quem me dera
Ao menos uma vez
Ter de volta todo o ouro
Que entreguei a quem
Conseguiu me convencer
Que era prova de amizade
Se alguém levasse embora
Até o que eu não tinha
Quem me dera
Ao menos uma vez
Esquecer que acreditei
Que era por brincadeira
Que se cortava sempre
Um pano-de-chão
De linho nobre e pura seda
Quem me dera
Ao menos uma vez
Explicar o que ninguém
Consegue entender
Que o que aconteceu
Ainda está por vir
E o futuro não é mais
Como era antigamente.
Quem me dera
Ao menos uma vez
Provar que quem tem mais
Do que precisa ter
Quase sempre se convence
Que não tem o bastante
Fala demais
Por não ter nada a dizer.
Quem me dera
Ao menos uma vez
Que o mais simples fosse visto
Como o mais importante
Mas nos deram espelhos
E vimos um mundo doente.
[...]
Quem me dera
Ao menos uma vez
Acreditar por um instante
Em tudo que existe
E acreditar
Que o mundo é perfeito
Que todas as pessoas
São felizes..."
Renato Russo 

Daniella


      Meados de dois mil, sábado, certamente de sol. Saí com a minha mãe para cumprir uma missão, e assim não faltar um compromisso rotineiro. Como de costume, pegamos o ônibus e fomos. Chegamos lá, fizemos o que sempre fazíamos, tudo normal. De repente, um casal entra com sua filha. Apresentaram-me a garota, que me cumprimentou tímida, porém com simpatia. Conversamos, brincamos, rimos. No final da tarde, fomos embora e eles também.
        Foi uma tarde prazerosa, muito legal. A partir de então, sempre que nos víamos, conversávamos e nos divertíamos. Nossos pais se tornaram amigos, e nós apenas boas companheiras. Eu me sentia feliz ao lado dela, sem sequer saber onde morava, onde estudava, do que gostava. Essa amizade desconhecida e desconfigurada perdurou, até o momento em que perdemos o contato, que já não era frequente.
        Antes de conhecê-la, já havia conhecido a sua avó, que sempre fora muito irreverente e simpática comigo. Nesse período de afastamento, que hoje chamo de desencontro, a avó dela me trazia notícias, daquela criatura tão legal.
         Anos se passaram. Um, dois, dez. Eu já havia completado quinze e tomado a decisão que mudaria a minha vida completamente. Encontrei a avó dela e soube que ela também havia tomado tal decisão. Fiquei feliz, mas sabia que em dez anos muita coisa havia mudado e certamente ela não faria questão de retomar aquela amizade.
         Primeiro dia de aula, estávamos na mesma escola, no mesmo curso, na mesma sala, mesma turma. Nos cumprimentamos, ela foi simpática, e receptiva. Um mês depois descobri que tínhamos quase tudo em comum, que eu gostava dela como se fosse da minha família e que havia encontrado uma pessoa muito especial. Não só recuperamos aquela amizade adormecida, mas também, reforçamos os laços que nos unem, para que não se solte nunca mais.
          Dois mil e dez foi dez! Ano de reencontro, reconstrução e momentos bons, ao lado da minha amiga querida, que me trouxe não só o conselho, o sorriso, mas que me trouxe um novo viver.

        Texto em homenagem àquela de sorriso sincero, olhar profundo, gestos doces e bom coração. Que esteve do meu lado nos momentos de queda e de glória. 

            

Aconchego


      Época de natal, presentes, movimento intenso nas ruas. Pessoas saiam e entravam nas lojas, tornando o centro da cidade semelhante a um formigueiro alvoroçado. Resolvi dar um passeio, mesmo sem rumo certo. Saí, encontrei duas amigas, que estavam indo para o shopping, resolvi acompanhá-las. 
       O movimento era mais intenso que o das ruas, o condicionador de ar não dava conta daquele calor infernal.  As duas estavam alegres, eufóricas, falantes, feito duas matracas. A cada dez palavras de cada uma, eu falava três, talvez três e meia. Uma delas, relatava o término de um namoro. Enquanto a outra a consolava, aconselhando-a a ir em uma festa no próximo final de semana... Ambas estavam doidas para tropeçar em algum daqueles desocupados que frequentam o shopping, apenas para "pegar" umas garotas. 
        Eu, mesmo na companhia das duas, no meio da multidão exaltada com o clima natalino, me sentia pálida, sozinha, singular. Me comportava como se eu usasse uma capa de invisibilidade, sem notar quem passava por mim, e sem ser notada. Aquele ar de vulgaridade e sede, das duas, já estava me irritando, e me fazendo sentir pior. 
         Abandonei-as e me sentei em um banco, em frente a sorveteria. Observei as crianças, os amantes, os passantes, as peruas. Tentei me aconchegar no sorriso da menina, no beijo do casal, na alegria daqueles que passavam e na luz que cada bracelete de ouro emitia. E o resultado de tudo isso foi nulo, pois da minha boca só saía o silêncio, dos meus olhos a lágrima subentendida, da minha mente a culpa por sempre ter vivido assim, e do coração já não saía absolutamente nada. 
          Anos se passavam, naquele banco, onde amarguei durante tempos a minha extinta solidão. Hoje penso como a vida é louca, pois no meio de milhares pessoas eu era só, e ao lado de apenas uma sou cercada de tudo que a minha necessidade não necessita mais. 

Epígrafe


  
          Somos escritores por natureza.Criadores da história mais fantástica, cujo roteiro muda a cada instante, a cada palavra, ou por uma simples ação. Um gesto pode representar o início de um novo capítulo ou o fim repentino e cruel da narrativa. Essa história não permite rascunho, nem necessita de criatividade ou habilidade com as palavras. A vida é semelhante a um livro, escrevemos uma página a cada dia, um capítulo a cada ano, às vezes, uma série a cada etapa.  
         Dois mil e dez foi um capítulo de alfabetização, de ingresso em uma nova etapa, início de uma nova página, um novo capítulo, encerramento de uma fase. A descoberta daquilo tudo que eu não considerava novo, por pensar já conhecer, por ter lido em outros livros, visto em outros registros. Mas hoje posso dizer que conheço, pois tais novidades fazem parte do meu livro, da história que escrevo e participo. 
           Dois mil e onze inicia. Nova página, novo parágrafo, novo título, novo capítulo, novas histórias, novas emoções, novas descobertas, novos desafios... A renovação que vem para mostrar novos caminhos, novas fontes, princípios, verdades. 
              Viva 2011, inicie o seu capítulo, abra o seu coração para novas emoções, a sua mente para novas descobertas, seus braços para novas pessoas e um sorriso para os novos dias. Faça desse o melhor capítulo da sua história. Faça desse um capítulo de superação, esperança, afeto, mudanças. Faça desse o capítulo inesquecível, dê prazer ao seu leitor, mas antes, sinta orgulho de si mesmo. 

              Um feliz ano novo, 

                      votos sinceros de Síngular Wallentine. 

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