Êxtase

 
   Fim de tarde, frio, as ruas lotadas, trânsito, buzinas e um homem. Exausta encerrava mais um dia, de volta para casa, após uma tarde de trabalho, muito trabalho! Não tinha como ir para casa, portanto por que não pegar um ônibus? Subi no ônibus, cheio de gente, gente de todas cores, todos os tipos, gente!
   Sentei no banco, e passei a observar o horizonte como de costume. Virei o pescoço repentinamente e lá estava ele. Vestido de maneira até que elegante, parado, sério e atraente. Fixei os olhos na criatura como nunca havia feito antes. Parecia perfeito. Foram vinte minutos de percurso, os melhores vinte minutos do meu dia. Minutos que me fizeram esquecer de tudo, inclusive do meu cansaço. Me senti a energia em pessoa, em êxtase. Ele nem sequer notou a minha presença, manteve-se sério e sem expressão o tempo todo. Enquanto eu estava em hipnose absoluta, em pleno ônibus.
     Talvez as outras pessoas tenham percebido, mas isso não importa muito. O importante é que, por vinte minutos, eu tive a melhor sensação que pode existir, por alguém que eu nem conheço. Não sei ao certo o nome disso, mas sei que é bom e eu recomendo.
      Quase em casa, o ônibus esvaziava e ele não descia nunca. Agora, mostrava-se entre impaciente e exausto. Ele não era propriamente lindo, mas era incomum, único. Tinha um jeito inexplicável, e um charme encantador. Na parada anterior a minha, algumas pessoas desceram e ele ainda estava lá. Resistente. Chegando na minha parada, ele aproximou-se da porta. Eu me aproximei também. Descemos, ele resistente, exausto e sério, e eu a despertar de um sonho que vivi acordada.
       O acompanhei com os olhos até em casa...  Moramos próximos, mas tenho a certeza de que não nos veremos novamente. E se nos vermos, de nada adiantará, pois para mim foram só vinte minutos de êxtase.

Beijos !

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