Epílogo

      Sexta-feira. Clima quente, gente, muita gente! "Stand" pronta, texto na ponta da língua, e muitos nomes esquisitos a dizer. Esse é início de um dia cansativo, e prazeroso. O nervosismo do lado direito, e um tal de "cof cof" no esquerdo, as duas prontas para iniciar um duelo para medir quem atrapalha mais.
      Oito horas, dada a largada! Explicação do conteúdo quase saltando da boca, a espera da primeira vítima. Pessoas passavam de um lado a outro, meio sem coragem, e eu ali em pé, de coluna ereta e sorriso nos lábios. A primeira vítima custara para a chegar, enquanto os demais observavam o stand, com ar de medo. Impossível definir se o medo era de mim, ou das figuras terríveis que estampavam o fundo.
      Quase nove, e nada do primeiro sujeito aparecer. Farta daquela pose de soldado, me desconcertei como quem punha a coluna no lugar, sentei me e me pus a esperar... Esperar não mais as pessoas, mas o tempo passar. Olhei para o "note" e pensei, porque não? Porque não jogar um pouquinho? Pus a mão sobre o "note" e "plef"! A primeira vítima caiu do céu.
       Me pus a explicar feito um papagaio, as palavras se atropelavam, o som saia meio desnorteado e as frases se comportavam como cavalos de corrida. Bastou abrir a boca para o cof! cof! se manifestar. Que raiva! Estava realizando algo importante para mim, algo que não admitia erros, nem falhas. Mas assim segui, entre explicações, um gole d'água, um tossida daqui, outra dali.
        Eu amava falar, mas naquela sexta descobri que falar o necessário faz bem. Repeti durante doze horas a mesma coisa, que no fim do dia soavam no meu cérebro como um tremendo blá blá blá... Sorte que volta e meia aparecia um sujeito para conversar, o que evitava que eu sentisse sono. Santo sujeito, apesar de até hoje eu não saber o nome dele.
         Havia cerca de cem projetos, sendo que o meu era só mais um a ocupar uma stand. Uma feira de bastante repercussão, muitos visitantes e bons concorrentes. Como mencionei, todo e qualquer deslize era fatal. A Dani estava lá, a muitos metros de distância... Mas creio que em pensamento, estava a me apoiar. Talvez isso tenha sido fundamental para a minha permanência, naquela que com certeza foi a primeira de muitas feiras que virão.
           Nove da noite! Hora de ir embora e descansar... Mas pena que esse era um dos privilégios que eu não pude desfrutar. Tínhamos uma festa para ir. E lá fomos nós, muito animadas.  Completamente perdidas, mas animadas. Dani e eu, eu e Dani. Entramos, encontramos as gurias e lá ficamos. Dez minutos.Gente, muita gente...
           Duas da manhã, tun ti tun ti tun ti... E lá estávamos nós na pista e meu cérebro já não distinguia mais nada. Sabia apenas de uma coisa: que sábado eu deveria estar lá na feira, linda e sorridente. Entre uma ida no banheiro, uma música e outra, permaneci. Me sentia um alienígena, completamente perdida e a me perguntar o que exatamente eu fazia ali. Bebi poucas, ou seja quase nada. Uns goles de algo que um amigo bebia.
           Cinco horas, fomos para casa... Para em fim dormir. Foi perfeito o encontro entre o meu corpo e o colchão. Nos amamos tanto, nunca havia o desejado tanto quanto naquele dia. Sete horas o relógio despertou, não levantei. Atraso! Cinto, camisa, sapato... Já havia completado exatas vinte e quatro horas de salto. Oito horas e lá estava eu novamente, agora não tão linda, mas ainda sorridente... A espera da primeira vítima.
        

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